Críticas

O Auto da Barca do Inferno (ou Auto da Moralidade) é uma complexa alegoria dramática de Gil Vicente, representada pela primeira vez em 1517. É a primeira parte da chamada trilogia das Barcas (sendo que a segunda e a terceira são respectivamente o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória). 


Os especialistas classificam-na como moralidade, mesmo que muitas vezes se aproxime da farsa. Ela proporciona uma amostra do que era a sociedade lisboeta das décadas iniciais do século XVI, embora alguns dos assuntos que cobre sejam pertinentes na atualidade.
Diz-se "Barca do Inferno", porque quase todos os candidatos às duas barcas em cena – a do Inferno, com o seu Diabo, e a da Glória, com o Anjo– seguem na primeira. De facto, contudo, ela é muito mais o auto do julgamento das almas.

RESENHA CRÍTICA: AUTO DA BARCA DO INFERNO

FIJ
2008



VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno. São Paulo: FTD, 1997.
Auto da Barca do Inferno é um auto onde o barqueiro do inferno e o do céu esperam à margem os condenados e os agraciados. Os que morrem chegam e são acusados pelo Diabo e pelo Anjo, ma apenas o Anjo absolve.
O primeiro a chegar é um Fidalgo, em seguida um agiota, um Parvo (bobo), um sapateiro, um frade, uma cafetina, um judeu, um juiz, um promotor, um enforcado e quatro cavaleiros. Um a um eles aproximam-se do Diabo, carregando o que na vida lhes pesou. Perguntam para onde vai a barca; ao saber que vai para o inferno ficam horrorizados e se dizem merecedores do Céu. Aproximam-se então do Anjo que os condena ao inferno por seus pecados.
O Fidalgo, o Onzeneiro (agiota), o Sapateiro, o Frade (e sua amante), a Alcoviteira Brísida Vaz (cafetina e bruxa), o Judeu, o Corregedor (juiz), o Procurador (promotor) e o enforcado são todos condenados ao inferno por seus pecados, que achavam pouco ou compensados por visitas a Igreja e esmolas. Apenas o Parvo é absolvido pelo Anjo. Os cavaleiros sequer são acusados, pois deram a vida pela Igreja.
O texto do Auto é escrito em versos rimados, fundindo poesia e teatro, fazendo com que o texto, cheio de ironia, trocadilhos, metáforas e ritmo, flua naturalmente.
Denúncias de corrupção na sociedade e na igreja, empobrecimento do povo e corrida desenfreada em busca de riquezas. Trata-se da temática de Gil Vicente no Auto da Barca do Inferno.
Gil Vicente é um artista de grande importância para a literatura portuguesa. Sua obra não está presa ao passado, nem pelas formas, nem pelos temas, pelo contrário, é bastante contemporânea porque utiliza temas universais, mesmo que atrelados a uma realidade do século XVI, mas que diz respeito ao humano.
A pretensão aqui não é abarcar a diversidade de aspectos apresentados pela obra de Gil Vicente, mas mostrar porque este artista que viveu há quatro séculos é tão contemporâneo.
O teatro vicentino, praticamente caracterizado pela sátira, era muito crítico em relação à sociedade de seu tempo, buscando, através da sátira moralizante, retratar o desregramento social. Na obra em estudo pode-se ver críticas à não-aplicação da justiça, à demora nos despachos dos processos, aos abusos e escândalos do próprio sistema judiciário, bem como críticas à falta de fé e de valores morais e religiosos.
Diante da crítica que o autor faz à sociedade pode-se dizer que a importância de sua obra está na atualidade da sua temática, uma vez que pode ser adaptada aos dias de hoje com personagens do nosso cotidiano. Essa temática nos faz refletir sobre o comportamento da sociedade do nosso tempo; daí a necessidade de se fazer um estudo para conhecer até onde vai Gil Vicente com sua crítica, como pretende corrigir a sociedade e até que ponto a inversão de valores, que tantas vezes coloca em cena, corresponde a uma transgressão total de valores a ponto de chamar atenção para o certo e o errado com a finalidade de recuperar os valores que parecem esquecidos.
Através do Auto da Barca do Inferno, procurou-se conhecer o objeto de sua atenção, ou seja, o que constitui para o autor motivo de crítica ou exaltação, as figuras que coloca em cena, as camadas sociais que com elas pretende atingir, o discurso que cada um emite e os valores morais e religiosos que estão em causa, expondo a opinião que o autor toma em relação a eles e que solução aponta para endireitar a conduta da sociedade de quinhentos.
O objetivo central do estudo é mostrar a atualidade do Auto da Barca do Inferno no que se refere às questões da falta de justiça e de valores moral e religioso, destacando as denúncias aos exploradores do povo, a corrupção dos funcionários da justiça e o falso moralismo religioso que afasta o Clero de sua missão.
No Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente encerra uma virulenta crítica à sociedade do seu tempo, não perdoando nenhuma classe ou grupo social. O motivo para essa crítica mordaz era a perda dos valores medievais que cediam lugar à usura, à busca do enriquecimento fácil, à desonestidade e ao falso moralismo religioso. Para Gil Vicente, a sociedade estava corrompida por valores trazidos pelo mercantilismo.
Nesta obra, o autor reúne sua crítica ferina ao divertimento e ao espírito reformador, sempre respeitando as Instituições. Não só na Igreja – onde deveria reinar a virtude – o autor encontrava vícios a combater, mas todas as classes sociais eram passíveis da sua censura. No Auto, pode-se ver personagens corruptas, aproveitadoras, sem o menor escrúpulo, como é caso do frade namorador, que mostra todo o seu falso moralismo religioso; os pequenos profissionais liberais, obstinados pelo lucro fácil e até mesmo os juízes corruptos, que recebem propinas por seus serviços.
Muito contemporânea, a temática de Gil Vicente neste Auto nos faz refletir sobre a sociedade de hoje. Pensando nisso, é que se fez uma pequena comparação entre a sociedade vicentina e atualidade com a finalidade de identificar na conduta da sociedade de hoje os mesmos personagens de Gil Vicente. Uma vez que, apesar de algumas mudanças, ainda se pode ver a mesma degradação de valores sociais.
Gil Vicente produzia suas peças com a finalidade de moralizar a sociedade. Tentando alcançar a consciência da cada homem, o autor deixa claro que sua obra não tem como objetivo apenas divertir, mas principalmente, destacar os vícios de uma sociedade materialista e corrupta com a intenção de corrigi-la e conduzi-la ao caminho do bem.
Nesta obra, Gil Vicente se vale do conhecimento que tem dos vícios da alma humana, fazendo deles, elementos básicos de sua sátira social, cabendo à figura do Diabo a missão de denunciar e desmascarar os desmandos dos homens a lei, a hipocrisia dos frades e a corrupção dos homens da lei.
Pode-se dizer então que o trabalho foi produtivo porque ilustrou com exemplos que a temática do Auto da Barca do Inferno é bastante atual e merece, por sua grande importância, um estudo mais aprofundado no que diz respeito à sua contemporaneidade.

Resenha Publicada pelo Uol

A ação se desenrola num Braço de mar, onde estão dois Batéis (Barcos): um deles destina-se para o Céu e o outro para o Purgatório. Em cada um está seu comandante, no primeiro o Anjo e no segundo o Diabo. Ao entrarem em cena, as personagens são submetidas a um pré-julgamento feito pelo Anjo e pelo Diabo (alegorias do Bem e do Mal).
Entre os Personagens estão: Fidalgo, o Onzeneiro,o Sapateiro, o Parvo, o Frade e sua Companheira Florença, Alcoviteira, Judeu, Corregedor e Procurador, Enforcado, os Quatro Cavaleiros. De acordo com seus atos em Vida, cada personagem subirá para o batel rumo ao céu ou ao inferno, após o julgamento que é voltado para o cotidiano.
No Diabo concentra-se grande parte da crítica sobre a sociedade, pois ele denuncia os Vícios, as Fraquezas e as Falhas, com agilidade e firmeza nas respostas, entremeadas com um tom bem-humorado e irônico. Já o Anjo tem pequena participação na peça, mas suas respostas são incisivas, seus julgamentos, severos e seu veredito, definitivo.

22 comentários:

  1. Respostas
    1. Quantos anos vc tem? Que maturidade maravilhosa em
      Que ridículo

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    2. Deixa de ser ridiculo/a/e.

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  2. vai sua mae aquela arrombada cu fudido

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  3. A sua aql com aql cu parecendo um buraco negro

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  4. atua aquela preta fudida

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  5. não sejam retardados que nem esses vagabundos ae

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  6. Parem com esses comentários totalmente desnaturados e sem noção. Há gente a tentar aprender que não precisa de ler esse tipo de comentários. Ridiculo, cresçam por favor. Obrigada.

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