segunda-feira, 10 de março de 2014

"Para sua melhor compreensão estamos aqui para dar um pequeno resumo dessa história estonteante."
Escrita em 1517, durante a transição entre Idade Média e Renascimento, o Auto da Barca do Inferno, é uma das obras mais representativas do teatro vicentino. Como em tantas outras peças, nesta o autor aproveita a temática religiosa como pretexto para a crítica de costumes. 
"A história começa como um julgamento, existe a barca do céu e a barca do inferno e seus determinados barqueiros ,que são : um anjo (para a barca do céu) , e o diabo ( para a barca do inferno). Nesse julgamento oque não pode faltar são os réus." O primeiro a chegar é um Fidalgo, é seguido por um agiota, por um Parvo (bobo), por um sapateiro, por um frade, por uma cafetina, e um judeu, um juiz também vai, por um promotor, por um enforcado e por quatro cavaleiros. "Você consegue percebe que Gil Vicente foi bem alternativo na escolha dos réus , são pessoas importantes e outras nem tanto."   Um a um eles aproximam-se do Diabo, carregando o que na vida lhes pesou. Perguntam para onde vai a barca; ao saber que vai para o inferno ficam horrorizados e se dizem merecedores do Céu. "Chegamos ao pontos crítico que Gil Vicente (acredito eu) quis de uma maneira religiosa , mostrar os erros da sociedade do século XVII."  Aproximam-se então do Anjo que os condena ao inferno por seus pecados. "Esses pecados que no decorrer da hístória são contados."  O Fidalgo, o Onzeneiro (agiota), o Sapateiro, o Frade (e sua amante), a Alcoviteira Brísida Vaz (cafetina e bruxa), o judeu, o Corregedor (juiz), o Procurador (promotor) e o enforcado são todos condenados ao inferno por seus pecados, que achavam pouco ou compensados por visitas a Igreja e esmolas. "Cegos achava que fazia o bem , mas apenas pensavam em se próprio. Essa é a parte que me deixa mais apaixonada , Gil Vicente condena em seu livro pessoas que na sociedade eram importantes , sem medo de crítica ele expõe sua ideia , ele não é magnífico? " Apenas o Parvo é absolvido pelo Anjo. Os cavaleiros nem sequer são acusados, pois deram a vida pela Igreja.

Espero que tenham gostado!